Plano de Poder
Cada vez mais lideranças religiosas protestantes estão se envolvendo com a política. Muitos com apenas a alcunha de “pastores” e outros realmente com formação teológica que justifique o título de pastores de rebanho cristão se aventuram em disputas eleitorais como candidatos ou como orientadores religiosos de pessoas que buscam o poder na política. É inegável que a associação de denominações protestantes possa interferir em um ambiente que há muitos anos era dominado por pessoas que não tinha compromissos com a igreja. Os cristãos católicos brasileiros e a igreja católica jamais aceitaram a gerência de seus sacerdotes em questões de conflito entre religião e política, partidarismo ou apoio a determinado candidato. Manter e ampliar o poder sobre o outro é o que busca aquele que se usa como instrumento de Deus contra o livre arbítrio do homem. Mas é exatamente no livre arbítrio que se encontra a justificativa para a participação da casta representativa do povo evangélico. Com o posto de dono da IURD (Igreja Universal do Reino de Deus) e considerado um dos maiores líderes religiosos de influência na política nacional, o bispo Edir Macedo lança às vésperas da eleição o livro de sua autoria com o título Plano de Poder – Deus, os Cristãos e a Política. No livro analisa o cientista político Roberto Romano, o bispo Macedo envia uma mensagem aos fiéis para que deixem de lado o pudor de lidar com a política. – Antes, os protestantes acentuavam a ruptura com o mundo. A política, a idéia de quanto mais abençoado o homem, mais rico ou poderoso ele era, era jogada para o católico ou para o judeu. Os evangélicos estão mudando esta idéia. Agora, Macedo diz: “Vocês já foram conquistados por Jesus, sabem como isso os consola. Mas para que o ´ Plano de Deus ` se realize, temos que deixar o pudor de mexer com a política. Assim como O Príncipe de Maquiavel se tornou bíblia para políticos de perfil centralizador, o Evangelho Segundo Edir Macedo constante em seu livro Plano de Poder – Deus, os Cristãos e a Política é a parte principal da liturgia de sua escritura para que os evangélicos não tenham pudor na política. O estreitamento de relações entre os protestantes e os políticos, produziu em Rio das Ostras três entidades de representação das denominações evangélicas: APLERO (Associação dos Pastores e Líderes Evangélicos de Rio das Ostras), Associação de Pastores Pentecostais de Rio das Ostras e recentemente o Conselho de Pastores de Rio das Ostras. Todas vão além de seus objetivos sociais, rivalizando pela aproximação e relação com o poder público e suas autoridades. O caminho para esta relação e aproximação nem sempre se fez em sentido de mão dupla, pois as entidades pouco recebem e os políticos recebem muito. De vários projetos sociais elaborados pelas entidades evangélicas, não há o conhecimento de que algum esteja em execução em parceria com o poder público. Somente eventos que atrai público como o Expo Gospel, Cruzada Evangelística e a Feira do Livro Espírita despertou o interesse do poder público e recebeu o financiamento com o dinheiro do povo. A frase “quem com porcos se mistura farelo come” é uma boa analogia para esta relação: igreja versus política. Um ambiente formado mais pela defesa dos interesses pessoais do que por interesses coletivos levam aqueles que praticam a doutrina da verdade em Deus a lidar ou praticar a mentira, a traição e a corrupção do homem. O mexer com a política sem pudor pregada pelo bispo Edir Macedo e hoje publicada em livro, levou centenas de fiéis em agosto de 2004 a reunião organizada por líderes evangélicos na Câmara Municipal de Rio das Ostras para ouvir a promessa do então candidato a Prefeito Carlos Augusto de construir um templo evangélico de 600 lugares. Não ocorreu a construção (e nem deveria ocorrer) do templo, mas há relatos de uma compensação de aproximadamente R$ 5.000,00 para cada liderança pertencente à base evangélica de apoio ao candidato a prefeito Carlos Augusto. Bem, esta relação sempre provoca ruptura de união nas comunidades evangélicas, porque nem todos são a favor de que seus líderes religiosos sejam beneficiados com cargos públicos. De repente sou eu que estou confuso por falta de uma orientação espiritual de um grande líder encarnado e deva procurar o Manoel Ferreira da Assembléia de Deus para que possa enxergar o poder de Deus nas obras do homem. Talvez Carlos Augusto é que esteja correto em ser batizado no catolicismo, ter aceitado Jesus na Assembléia, ter chutado a santa na Universal, ter contato com o espírito na mesa branca do Xangô Menino toda quarta e ter fumado cachimbo com meu tio zóinho e minha comadre Rosângela no terreiro no último sábado dia 20 e preparando o caminho pra encontrar Sabino na próxima encruzilhada. Deus que me proteja!