No domingo passado proseando com moradores da comunidade do Âncora descobri que muitos de seus moradores não conhecem o projeto original do Residential Praia Âncora. Projetado para ser o mais completo empreendimento imobiliário aberto do município e um nicho de investimento na região dos lagos na década de 70 este empreendimento tinha como mote “terreno na praia mais barato que o preço da lagosta”. A campanha publicitária teve repercussão nacional, pois sua veiculação se deu no horário nobre das principais emissoras de televisão e rádio, assim como a sua propaganda se deu nas páginas dos principais jornais do país. Entre o pool de empresas participantes do projeto estavam o Banco Auxiliar S/A e o Banco Bonfiglioli S/A que foram os responsáveis pelo financiamento da carteira de clientes que adquiram os terrenos. Os compradores, tanto de varejo como de atacado, em sua maioria não tinham conhecimento algum do balneário que justificasse a compra, a não ser pelas facilidades criadas pelos vendedores que classificaram a compra de terrenos como sub produto de sua linha, ou seja, fechamento de “negócio casado”, como aqueles em que os clientes para obterem financiamento do banco são pressionados a adquirirem seus produtos. Enquanto o grupo de parceiros do empreendimento estavam com saúde financeira o Residential Praia Âncora manteve-se vigoroso em seu projeto original. Bastou o anúncio da falência dos bancos para que oportunistas se apropriassem de áreas de compradores descuidados. Então o abandono de um fez-se o achado de outro. Deu-se, então, a invasão ao Âncora. Um mercado negro de terrenos se instalou, ocupando-se áreas públicas e privadas. Desordenadamente os invasores dividiram o loteamento em sub-loteamentos e vendendo lotes sem a medida padrão de mercado, além de avançar sobre ruas e avenidas. Na época nada se fez para a proteção da propriedade privada por parte da justiça. Do mesmo modo o poder executivo se posicionou, razão pelo qual se manteve a expansão da invasão ao Residential Praia Âncora, que se agravou mais ainda com o incentivo de parlamentares à invasão. A justificativa daqueles que por obrigação funcional era coibir tal prática baseou-se no abandono de área pelos titulares da propriedade, falta de pagamento de impostos e a necessidade de promover o crescimento demográfico de uma região afastada do centro da cidade. Os políticos da época perceberam que aquela região receberia a ocupação de pessoas sem muitas posses, de origem muito humilde e de baixa escolaridade e que a região se transformaria em um ambiente propício de ocupação de uma massa populacional de fácil manipulação política.
7.19.2007
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