7.19.2007

A Espera de um milagre

“A coisa está preta”. Essa expressão é utilizada quando nos encontramos numa situação desfavorável, principalmente quando o assunto é dinheiro. As classes C, D e E que comporta o maior número de brasileiros é a que movimenta a economia de consumo nacional e concentra a força de trabalho da produção e um grande percentual do capital brasileiro. E onde estão as pessoas que movimentam a economia? Nos municípios. São os municípios que dão as respostas para que a estatística forme o quadro social brasileiro. Suas riquezas, sua força de trabalho, seus serviços e seu poder de desenvolvimento. A cidade de Rio das Ostras é considerada pelos números econômicos um município rico e pelos sociais um município ainda pobre. A riqueza natural finita que deveria está movimentando a economia riostrense está concentrada nas mãos de poucos com a aquiescência do poder público. A riqueza natural e infinita há muito não tem uma política pública de relevância, mas ainda espera por atitudes políticas que a coloquem como prioridade na contribuição do desenvolvimento da cidade.
Antes da chegada da Petrobrás à região Norte Fluminense a população riostrense vivia numa economia baseada nas divisas recebidas pelos visitantes advindos da Região Sudeste e pelos chamados veranistas que aqui mantinham casa de praia em busca de tranqüilidade e felicidade, assim como pelo pequeno giro de produção e de comércio agrícola, pecuário e pesqueiro. As divisas eram aplicadas na construção civil que movimentava o mercado imobiliário e a sua força de trabalho conseqüentemente impulsionava o comércio, o serviço e a agropecuária. O comércio, o serviço e a agropecuária por sua vez criavam postos de trabalho e assim o município se desenvolvia. Mas se a atividade petrolífera traz desenvolvimento porquê o número de encerramento de atividades comerciais é maior que a de abertura? Se a atividade petrolífera cria postos de trabalho o porquê de tanto desemprego na região? Porque os recursos produzidos por nossa riqueza finita, o petróleo, não tem um plano de investimento que financie os setores econômicos.
O setor público que detêm a administração da riqueza do petróleo não definiu sua distribuição. Preferem concentrar os investimentos em serviços que consomem uma enorme quantidade de recursos, executados por empresas que remetem os lucros para fora do município. O estoque em banco de dinheiro público está muito alto e a quantidade de dinheiro circulando no município está muito baixo. O poder público do município atualmente está muito dependente dos recursos dos royalties e a aplicação desses recursos está direcionada para o aumento de seu patrimônio. O governo que administra o Município de Rio das Ostras precisa corrigir as distorções a tempo, senão o bolsão de pobreza que já não é pequeno em nossa cidade tende a aumentar.
Houve uma movimentação na classe industrial e comercial estabelecidos no Bairro de Mar do Norte em Rio das Ostras para que efetivamente o poder público municipal coloque em prática os fundamentos do FUNDERO (Fundo de Desenvolvimento Econômico de Rio das Ostras). Esta movimentação com certeza frutificará, pela importância que tem este setor na economia riostrense, mas não basta. É necessário provocar todos os seguimentos da sociedade para que em conjunto pressionemos o governo para que aplique um choque de desenvolvimento.
Já denunciei o desaquecimento de nossa economia e em conversa de pé de ouvido com o prefeito do Município de Rio das Ostras e propus a regulamentação da Lei Municipal nº 509/2000, que contêm vários benefícios para o setor comercial. A regulamentação desta lei proporcionará ao mercado um aumento significativo em suas vendas com o ingresso de mais R$ 10 milhões de reais por mês. Esperamos que o governo se sensibilize com os reclamos do setor, afinal, o maior empregador é o setor privado, como também seu grande financiador, merecendo a total atenção dos homens que estão à frente do poder.

O Retorno

Bem, pode parecer provocação, mas não é. A convite do diretor do Jornal Razão, manterei uma coluna sobre assuntos livres no espaço cedido pelo amigo Abraão Ney de Souza, presidente da Colônia Z-22, sem intitulá-la, porém nomeando os assuntos. É da ciência de todos e principalmente dos políticos que o tema de minha preferência é a abordagem da atuação política nos bastidores, com o objetivo de revelar (resguardando o interesse de me manter vivo) os acontecimentos que não chegam ao ouvido povo. É verdadeiro que já tive e tenho problemas na justiça por conta de minhas abordagens temáticas, mas nada que um bom advogado não reverta. Considerei corajoso o homem Ronaldo Brandão e percebi que ao trazer uma pessoa com o meu perfil para fazer parte do corpo de colunistas é provar que o seu veiculo de comunicação não tem amarras com governos.Não somente sou conhecido como colunista, sou também um conhecido filho de Rio das Ostras que faz da pesca seu meio de sobrevivência. Obtive destaque no meio político por minhas convicções e pela maneira como me comportei na defesa de meus ideais. A imprensa eu considero como fortaleza da democracia e aqueles que tentam amordaçá-la como inimigos do povo. O porquê eu digo isso? Existem pessoas que não sabem conviver com a verdade, principalmente quando estão no exercício do poder. A verdade acaba não sendo absoluta e a mentira é relativa para aqueles que se locupletam no poder. É preciso enxergar por trás do pano, ir ao fundo para esclarecer muitas coisas. Não podemos nos acomodar ou acostumar com as mentiras ditas a cada dia de que tudo está bem. Bem para quem? É preciso ir além. Tínhamos um atraso político de décadas quando pertencíamos a Casimiro de Abreu e agora amargamos um atraso pior na área social e econômica perto de completarmos 15 anos de emancipação político-administrativa. Estamos perdendo uma grande chance de tornar Rio das Ostras uma cidade que não dependa dos royalties. O povo riostrense está perdendo a chance de colocar Rio das Ostras num patamar elevado de crescimento. Os políticos que estiveram e estão no poder não deram e não darão chances aos nossos filhos de viverem numa cidade independente. Os homens públicos desta cidade têm de ousar e usar a coragem para defender um grande projeto de desenvolvimento e justiça social. O momento é agora e devemos exigir de quem está no poder e de quem quer estar no poder soluções para que mais tarde não nos culpemos por nossa omissão e cumplicidade com governos desastrosos que ceifaram as oportunidades de nos tornarmos homens e mulheres mais felizes.

A Ancora que precisamos - Parte 1

No domingo passado proseando com moradores da comunidade do Âncora descobri que muitos de seus moradores não conhecem o projeto original do Residential Praia Âncora. Projetado para ser o mais completo empreendimento imobiliário aberto do município e um nicho de investimento na região dos lagos na década de 70 este empreendimento tinha como mote “terreno na praia mais barato que o preço da lagosta”. A campanha publicitária teve repercussão nacional, pois sua veiculação se deu no horário nobre das principais emissoras de televisão e rádio, assim como a sua propaganda se deu nas páginas dos principais jornais do país. Entre o pool de empresas participantes do projeto estavam o Banco Auxiliar S/A e o Banco Bonfiglioli S/A que foram os responsáveis pelo financiamento da carteira de clientes que adquiram os terrenos. Os compradores, tanto de varejo como de atacado, em sua maioria não tinham conhecimento algum do balneário que justificasse a compra, a não ser pelas facilidades criadas pelos vendedores que classificaram a compra de terrenos como sub produto de sua linha, ou seja, fechamento de “negócio casado”, como aqueles em que os clientes para obterem financiamento do banco são pressionados a adquirirem seus produtos. Enquanto o grupo de parceiros do empreendimento estavam com saúde financeira o Residential Praia Âncora manteve-se vigoroso em seu projeto original. Bastou o anúncio da falência dos bancos para que oportunistas se apropriassem de áreas de compradores descuidados. Então o abandono de um fez-se o achado de outro. Deu-se, então, a invasão ao Âncora. Um mercado negro de terrenos se instalou, ocupando-se áreas públicas e privadas. Desordenadamente os invasores dividiram o loteamento em sub-loteamentos e vendendo lotes sem a medida padrão de mercado, além de avançar sobre ruas e avenidas. Na época nada se fez para a proteção da propriedade privada por parte da justiça. Do mesmo modo o poder executivo se posicionou, razão pelo qual se manteve a expansão da invasão ao Residential Praia Âncora, que se agravou mais ainda com o incentivo de parlamentares à invasão. A justificativa daqueles que por obrigação funcional era coibir tal prática baseou-se no abandono de área pelos titulares da propriedade, falta de pagamento de impostos e a necessidade de promover o crescimento demográfico de uma região afastada do centro da cidade. Os políticos da época perceberam que aquela região receberia a ocupação de pessoas sem muitas posses, de origem muito humilde e de baixa escolaridade e que a região se transformaria em um ambiente propício de ocupação de uma massa populacional de fácil manipulação política.

A Espera de um milagre 2

As eleições majoritária e proporcional de 2008 vão ter um dos seus primeiros desdobramentos no final de setembro e início de outubro deste ano, quando as siglas partidárias encaminham ao Tribunal Regional Eleitoral suas listas de filiações contendo os nomes dos pré-candidatos aos cargos eletivos do próximo pleito eleitoral. A cada eleição aprendemos mais, seja como eleitor ou eleito, cidadão comum ou cidadão politizado. Muitas respostas foram dadas aos políticos e para aqueles que fazem a análise política dos resultados. O eleitor não deu a mínima para as denúncias e dossiês que surgiram entre o ano de 2004 e 2006. Prova disso foram as eleições vencidas pela maioria das pessoas que estavam sendo investigadas. Enquanto a justiça não dá ao povo a resposta, este sim, responde a justiça elegendo e reelegendo figuras que somente maculam a imagem de instituições políticas. Elegeram Paulo Maluf, José Genoíno e Clodovil Hernandez e reelegeram João Paulo Cunha, José Mentor, Professor Luisinho e outras aberrações políticas. Fica provado que em política a verdade não é absoluta e que a mentira é relativa. Então o povo entendeu o recado. O presente político dos ex-prefeitos revelam que são expoentes representantes regionais e que as alianças locais foram a base para o alcance de uma representação em defesa dos interesses do Norte, Noroeste Fluminense e Região dos Lagos. Como não é tendência e sim acordo, as afinidades com os governantes que ajudaram a eleger em 2004 deve se seguir inalteradas em 2008. Em Macaé Riverton Mussi e Silvio Lopes caminham para a manutenção de uma aliança política sólida. O mesmo ocorre em Cabo Frio entre Marquinhos Mendes e Alair Corrêa. Em Rio das Ostras não é diferente a situação da aliança política entre o Secretário Estadual de Trabalho e Renda do governo estadual e deputado estadual Alcebíades Sabino e o prefeito Carlos Augusto Carvalho Balthazar. Silvio Lopes, Alair Corrêa e Sabino são homens públicos de longa data e já ocuparam cargos de relevância no estado e sabem se comportar quando o interesse maior é o município. Apesar das aparências a situação política entre Sabino e Carlos Augusto vai melhorar com a intervenção dos interesses políticos. Alcebíades Sabino demonstrará maturidade política e não se deixará envaidecer pelos números eleitorais.Neste momento há um sério desequilíbrio político, até natural, mas a tendência é o realinhamento das forças, a bem da política riostrense. O momento não é propício para desafios, afrontas ou qualquer espécie de perturbação política. Os interesses individuais não devem ficar acima dos interesses coletivos. É necessário entender os limites que a política impõe e respeitar o rodízio do poder. A perpetuação no poder é perigosa, pois quando não se mantém pelo uso da força o uso do poder político e econômico é o que dita a regra, o que origina a corrupção.