10.07.2006

Emoção e razão

As eleições majoritárias e proporcionais de 2006 trazem muitas respostas para os políticos e para aqueles que fazem a análise política dos resultados. A eleição presidencial que dava todos os indicativos de que seria decidida no 1º turno mudou de rumo, principalmente por influência dos paulistas. Tanto os eleitores de José Serra quanto os trapalhões paulistas do PT contribuíram para levar a eleição presidencial para o 2º turno. O Dossiê que politicamente somente interessava aos petistas paulistas que disputavam o comando do Estado de São Paulo teve efeito contrário e extensivo. Além de não derrubar José Serra (PSDB) na disputa ao governo de São Paulo o episódio colocou Geraldo Alckmin (PSDB) em boa situação na disputa presidencial. Enquanto dão a resposta aos políticos denuncistas do PT os paulistas elegeram e reelegeram figuras que somente maculam a imagem de instituições políticas. Elegeram Paulo Maluf, José Genoíno e Clodovil Hernandez e reelegeram João Paulo Cunha, José Mentor, Professor Luisinho e outras aberrações políticas. Fica provado que em política a verdade não é absoluta e que a mentira é relativa.
No Estado do Rio de Janeiro a eleição majoritária estadual que parecia se encerrar no primeiro caminhou para o segundo turno. Sérgio Cabral não sabe se rejeita ou aceita a vinculação da imagem dos Garotinhos. Enquanto um não se decide a ex-juíza Denise Frossard com o total apoio dos Maias avança na construção de alianças compromissadas com o mesmo ideal defendido pelo grupo coligado ao PPS.
Nas eleições proporcionais fluminenses há o destaque para os “xeiques” do petróleo que disputaram cargos aos legislativos estadual e federal, são eles: Silvio e Glauco Lopes (PSDB) do principado de Macaé; Alair Corrêa (PMDB) da paradisíaca Cabo Frio; Arnaldo Viana (PDT) sub-júdice da terra da cana Campos e o seu, querendo ou não, da república das ostras Sabidinho (PSC).
Todos os que governaram as cidades que possuem receitas advindas do pagamento de royalties elegeram-se. O presente político dos ex-prefeitos revela que são expoentes representantes regionais e que as alianças locais foram a base para o alcance de uma representação em defesa dos interesses do Norte, Noroeste Fluminense e Região dos Lagos. Todos com a exceção de apenas um demonstram afinidades com os governantes que ajudaram a eleger em 2004. Em Macaé Riverton Mussi e Silvio Lopes caminham juntos e mantêm uma aliança política sólida. O mesmo ocorre em Cabo Frio entre Marquinhos Mendes e Alair Corrêa. Também em Campos com Alexandre Mocaiber e Arnaldo Viana. Silvio Lopes, Alair Corrêa e Arnaldo Viana são homens públicos de longa data e já ocuparam cargos de relevância no estado e sabem se comportar quando o interesse maior é o município. Mas em Rio das Ostras a situação política entre Sabino e Carlos Augusto não parece boa. Alcebíades Sabino demonstra imaturidade política ao deixar envaidecer pelos números eleitorais.
Neste momento há um sério desequilíbrio político, até natural, mas a tendência é o realinhamento das forças, a bem da política riostrense. O momento não é propício para desafios, afrontas ou qualquer espécie de perturbação política. Os interesses individuais não devem ficar acima dos interesses coletivos. É necessário entender os limites que a política impõe e respeitar o rodízio do poder. A perpetuação no poder é perigosa, pois quando não se mantém pelo uso da força o uso do poder político e econômico é o que dita a regra, o que origina a corrupção. Para o bem de todos, seja eleitor ou não, político ou não, é que Alcebíades Sabino atenda ao desejo dos 66.000 eleitores que lhe confiaram a representação estadual e termine ou renove seu mandato para a câmara federal que com certeza terá o apoio até dos atuais adversários.
Não se deve desconsiderar a liderança política de Gelson Apicelo, mesmo após a surpreendente votação de Sabino, pois todos sabem que o estilo político dele é o popular. Para atingir os quase 4.000 votos em Rio das Ostras não foi necessário recorrer ao uso de práticas bem conhecidas dos políticos que tem dinheiro. É digno reconhecer que Gelson não utiliza a prática de compra de votos e a confiança depositada pelo seu povo é o seu maior prêmio.

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