10.07.2006

Balaio de gatos

Balaio de gatos

Esta eleição deve ser diferente de todas as que já vivemos. Na minha adolescência não mantinha interesse por política até o momento em que destinei alguns minutos dela para ouvir meu pai. Meu pai falava de política, mas não se envolvia com os políticos. Através do Jornal A Razão (não o Razão do amigo Ronaldo Brandão) comentava a atuação dos políticos. Por conta de meu desinteresse por política deixei de ler seus artigos, mas ouvia os comentários dos seus amigos sobre as suas escrituras. Um cidadão que completou apenas o primário escrevia para um jornal! É assim. Ausência de escolaridade não é sinônimo de ausência de inteligência. A partir da conversa com ele meu estímulo pela política aumentou muito e meu domínio pela matéria me rendia admirações.
Lembro-me bem do último período da História da ditadura militar no Brasil retratada nos livros da época. A “abertura lenta e gradual” promovida pelo General Ernesto Geisel. Nos bancos escolares nada aprendi sobre política com as disciplinas de Moral e Cívica no primário e Organização Social e Política Brasileira no período ginasial (hoje ensino fundamental e ensino médio). Também pudera. No regime militar! Saindo do período absolutista e entrando na era da democracia o que ocorreu de mudanças no comportamento político dos homens e mulheres brasileiras. Herdamos do regime anterior políticos que estiveram no poder como Paulo Maluf, Delfim Neto, Ibrahim Abi Akel e outros e os cobradores da nossa dívida política como José Dirceu, José Genoíno, Luiz Inácio e outros. O que mudou no comportamento dessas pessoas? O que tem de diferente entre eles? Diferente são o período, o regime e as posições, ou seja, tudo dantes no quartel de Abrantes.
Pois é. O que vem a ser um bom político nesta história toda? De qual forma se pode ser um bom político? Quer mudar o mundo? Comece pela sua aldeia.
Estamos convivemos mais uma vez com o período eleitoral e com a presença daqueles que nada fizeram quando estiveram no poder e daqueles que prometem fazer e acaba não fazendo nada, mas fazer o quê não é, faz parte do jogo político. Mas será que é isso mesmo? Eles não fazem nada? Não, não deve ser assim. Acho que nós é que somos muito críticos e eles pobres coitados. Como pode presidente, senadores, governadores e deputados não fazerem nada? Ah não, eles fazem muito. Teve presidente (FHC) que em nome do interesse público fez um esforço danado para livrar a nação dos prejuízos causados pelas estatais deficitárias e no mesmo pacote colocou as que davam lucro numa presunção de que no futuro seria um fardo muito pesado para as costas do brasileiro e com isso e mais algumas coisas teve sua reeleição referendada pelo Congresso Nacional. Hoje o que era deficitário dá lucro e que já dava lucro se transformou em ponto de estratégia mundial. Teve governador (Garotinho) que prometeu colocar o seu estado no mais alto de nível de arrecadação no país e o que conseguiu foi desviar o maior montante de recursos públicos para ong´s dirigidas por pessoas ligadas ao poder. Teve senador (ACM velho) da república que num esforço para descobrir de que forma os colegas votavam matérias de interesse do estado brasileiro violou o painel eletrônico de votação e acabou renunciando após a descoberta para não ser cassado e mantendo seus direitos políticos. Teve deputado federal (Roberto Jéferson) ladrão e safado que prestou um grande serviço a nação ao denunciar o calote de R$ 16.000 milhões sofrido por seu partido e que fora empenhado pelos representantes dos trabalhadores. Teve deputado estadual da bancada do meio ambiente (Calazans) defendendo interesses de mineradoras fluminenses que por sua extração ilegal ou legal degradou grandes áreas no estado. Agora temos presidente candidato (Lula) que em discurso de lançamento de campanha pronuncia que agora é a vez de comer o filé numa alusão de que no mandato que está para acabar roeu o osso. Com tantas denúncias de corrupção vai se descobrindo que para o brasileiro nem farelo de osso sobra. Temos senador candidato ao governo do estado (Sérgio Cabral Filho) que como advogado do povo não temos o que falar porque dele não conseguimos nenhuma vitória, até porque sua função como senador é defender os interesses do estado brasileiro. Temos candidatos a deputado num estado em que 40 dos 45 deputados federais teve seus nomes citados em irregularidades. Temos ex-prefeito (Sabino) candidato a deputado estadual que diz que transformou a cidade, mas na verdade ele transformou sua própria vida ao usar do aparelho de estado para se projetar politicamente, e atualmente considera as determinações atuais do Tribunal Superior Eleitoral para a moralização do gasto em campanha uma norma sem valor, pois sua ostentação denuncia a origem de tanto dinheiro.

Ligue 0800 20 120

Ligue 0800 20 120 e faça a sua doação

O Tribunal Superior Eleitoral decidiu este ano trabalhar com uma mensagem que estimule o eleitor a pensar em quem votar. Este exercício que o TSE está propondo nada mais é do que um pedido ao eleitor para que vote em candidatos com ficha limpa e que tenha propostas, pois seremos responsáveis mais uma vez por colocar no poder os homens que irão governar a nação.
Sem uma reforma eleitoral ampla os envolvidos em escândalos foram beneficiados pelo chamado “transitado em julgado” e mesmo processados podem concorrer a cargos públicos mantendo a classe política submersa em águas turvas da corrupção. Mas a justiça eleitoral sabedora de suas limitações jurídicas encontrou na informação o meio mais rápido e eficaz de punir os maus políticos: a publicidade. Não estou falando somente da publicidade que vemos nos meios de comunicação e sim da acessibilidade a informações sobre os candidatos. Nesta semana alguns leitores me enviaram e-mails solicitando-me a visita a página eletrônica do TSE para pesquisar informações a respeito de candidatos com domicilio eleitoral em nossa cidade. Assim o fazendo pesquisei as informações sobre três candidatos a deputado estadual: Gelson Apicelo, Sabino e Aldem. Qual minha surpresa? Gelson Apicelo foi o único a informar na declaração de bens todas as suas posses. Os outros dois informaram na declaração de bens encaminhada ao TRE que não possuem bens algum. Para alguns esta informação não é relevante, pois não vêem problema algum os políticos após término de mandato saírem pobres. O que considero relevante nesta estória é o fato da mentira ou da omissão como queiram interpretar. Oito anos como 1º mandatário do município o ex-prefeito Sabino diminuiu suas posses ou esconde que as tem? Qual o motivo que o levou a não informar os bens relacionados em seu nome? Qualquer cidadão pode levantar através de requerimento de certidão os bens pertencentes a uma pessoa. Quando ficou liberada no site do TSE a informação da declaração de bens do Sabino houve uma indignação geral. Em levantamentos preliminares nos registros fazendário e cartorário do município identificou-se que o candidato Sabino possui 8 lotes no Jardim Mariléia e 1 apartamento na rua Julieta Carvalho Viana. Busco entendimento para o fato de se omitir esta informação e não encontro. O que ouço pelas ruas desta cidade é que o candidato Sabino é munheca e mão de vaca e ainda por cima fala que o povo de Rio das Ostras tem a obrigação de votar nele pelo que fez pela cidade. Realmente a campanha do TSE acertou em cheio. O eleitor tem muito que pensar antes de escolher seu representante.
No último artigo indaguei sobre qual surpresa o candidato Sabino nos reservava. O que aconteceu como fato novo neste universo de denúncias contra políticos é o esforço que eles fazem para não ter registros em seus nomes. É uma laranjinha pra cá outra acolá e assim vai o candidato cara de pau. É considerar o povo idiota e desinformado. Mas digamos que acreditamos que o candidato Sabino é pobrinho. Lanço aqui a campanha Ajude ao Sabino a se Eleger e ligue para 0800 20 120 e faça a sua doação. Você que está nas ruas da cidade e trabalha como ambulante e está tomando porrada do pitbull faça a sua doação. Você que é dizimista reserve 10% do seu dízimo e deposite na conta do Sabino. Você que é empresário doe pelo menos um salário mínimo ao homem que transformou a cidade. Você trabalhador doe um dia do seu trabalho remunerado nos moldes dos descontos dos sindicados para a campanha pobre do Sabino. Você aposentado ou pensionista faça um crédito junto às financeiras de juros baixos e ajude ao Sabino a se eleger. Se com 96 salários (atualizados) de prefeito em torno de R$ 17.000,00 o Sabino não conseguiu nem uma casinha de sapê pelo menos temos que dar uma nova chance a ele que tanto fez por Rio das Ostras pelo menos comprar uma casa financiada pela Caixa ou então fazer um pedido ao prefeito Carlos Augusto para que reserve no programa de habitação do governo uma casa para ele. Não, não. Eu tenho uma ótima idéia. Não vamos eleger Sabino para deputado estadual não. Ele é muito honesto e o ambiente da Assembléia Legislativa Fluminense não fará bem ao seu caráter. Não devemos deixar nosso amigo Sem Teto se misturar com aquela gentalha, isso, isso, isso.
Leitores, desculpas, mas essa foi demais.
Emoção e razão

As eleições majoritárias e proporcionais de 2006 trazem muitas respostas para os políticos e para aqueles que fazem a análise política dos resultados. A eleição presidencial que dava todos os indicativos de que seria decidida no 1º turno mudou de rumo, principalmente por influência dos paulistas. Tanto os eleitores de José Serra quanto os trapalhões paulistas do PT contribuíram para levar a eleição presidencial para o 2º turno. O Dossiê que politicamente somente interessava aos petistas paulistas que disputavam o comando do Estado de São Paulo teve efeito contrário e extensivo. Além de não derrubar José Serra (PSDB) na disputa ao governo de São Paulo o episódio colocou Geraldo Alckmin (PSDB) em boa situação na disputa presidencial. Enquanto dão a resposta aos políticos denuncistas do PT os paulistas elegeram e reelegeram figuras que somente maculam a imagem de instituições políticas. Elegeram Paulo Maluf, José Genoíno e Clodovil Hernandez e reelegeram João Paulo Cunha, José Mentor, Professor Luisinho e outras aberrações políticas. Fica provado que em política a verdade não é absoluta e que a mentira é relativa.
No Estado do Rio de Janeiro a eleição majoritária estadual que parecia se encerrar no primeiro caminhou para o segundo turno. Sérgio Cabral não sabe se rejeita ou aceita a vinculação da imagem dos Garotinhos. Enquanto um não se decide a ex-juíza Denise Frossard com o total apoio dos Maias avança na construção de alianças compromissadas com o mesmo ideal defendido pelo grupo coligado ao PPS.
Nas eleições proporcionais fluminenses há o destaque para os “xeiques” do petróleo que disputaram cargos aos legislativos estadual e federal, são eles: Silvio e Glauco Lopes (PSDB) do principado de Macaé; Alair Corrêa (PMDB) da paradisíaca Cabo Frio; Arnaldo Viana (PDT) sub-júdice da terra da cana Campos e o seu, querendo ou não, da república das ostras Sabidinho (PSC).
Todos os que governaram as cidades que possuem receitas advindas do pagamento de royalties elegeram-se. O presente político dos ex-prefeitos revela que são expoentes representantes regionais e que as alianças locais foram a base para o alcance de uma representação em defesa dos interesses do Norte, Noroeste Fluminense e Região dos Lagos. Todos com a exceção de apenas um demonstram afinidades com os governantes que ajudaram a eleger em 2004. Em Macaé Riverton Mussi e Silvio Lopes caminham juntos e mantêm uma aliança política sólida. O mesmo ocorre em Cabo Frio entre Marquinhos Mendes e Alair Corrêa. Também em Campos com Alexandre Mocaiber e Arnaldo Viana. Silvio Lopes, Alair Corrêa e Arnaldo Viana são homens públicos de longa data e já ocuparam cargos de relevância no estado e sabem se comportar quando o interesse maior é o município. Mas em Rio das Ostras a situação política entre Sabino e Carlos Augusto não parece boa. Alcebíades Sabino demonstra imaturidade política ao deixar envaidecer pelos números eleitorais.
Neste momento há um sério desequilíbrio político, até natural, mas a tendência é o realinhamento das forças, a bem da política riostrense. O momento não é propício para desafios, afrontas ou qualquer espécie de perturbação política. Os interesses individuais não devem ficar acima dos interesses coletivos. É necessário entender os limites que a política impõe e respeitar o rodízio do poder. A perpetuação no poder é perigosa, pois quando não se mantém pelo uso da força o uso do poder político e econômico é o que dita a regra, o que origina a corrupção. Para o bem de todos, seja eleitor ou não, político ou não, é que Alcebíades Sabino atenda ao desejo dos 66.000 eleitores que lhe confiaram a representação estadual e termine ou renove seu mandato para a câmara federal que com certeza terá o apoio até dos atuais adversários.
Não se deve desconsiderar a liderança política de Gelson Apicelo, mesmo após a surpreendente votação de Sabino, pois todos sabem que o estilo político dele é o popular. Para atingir os quase 4.000 votos em Rio das Ostras não foi necessário recorrer ao uso de práticas bem conhecidas dos políticos que tem dinheiro. É digno reconhecer que Gelson não utiliza a prática de compra de votos e a confiança depositada pelo seu povo é o seu maior prêmio.